terça-feira, 26 de maio de 2015

Para Elisas


este poema saiu-me das entranhas
custou-me as costelas e as clavículas
mas todo se entende não é verdade?
todo é sinónimo da mesma pasta
da mesma vasta e curta simultânea palavra
todo desnecessário de dicionário
de segundo significado e deambulação
tão simples é assim o meu pesado coração.
este poema traduz na exacta medida
as lágrimas que não me couberam na tina
sabe o peso que a balança acusa
sabe que medos e segredos denuncia
sabe que temperos pede a receita
e que pontas soltas tem a tese feita
este poema está feito do meu sentimento
da minha carne pele e consentimento
não tenho mais que melhoramento
nem tão pouco opinar sobre entre linha
sobre segundas vozes ou matrizes extra terrestres
este poema é o nome e a alma que o consome
é a dor e a vontade de lhe ser esplendor
é todo aquele que lhe for honesto na métrica
porque tão simples é a sua leitura
desde que cumpra a sua vontade pontiaguda
este poema é a linha que nos cose
quando nos deixamos rematar
quando nos entregamos ao acto simples de o ler
sem que estejamos a projectar qualquer ser
Tão bem sabe receber e quem sabe imitar
porque de nós nada esteja a brotar
porque de nós nenhum poema para debitar
Este poema é mau, é sarcástico
é espelho, é velcro de inveja
é caco de peça que nunca foi inteira
é...e se é tão simples assim,
porque sabemos que este poema
não é um poema,
é uma legenda!

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