quarta-feira, 13 de maio de 2015

ária do silêncio



o tempo - ária de pranto interrompido
o descanso é acanhado pela fuga das horas
tenho o fundo rasgado debitando compassos
ponteiros de relógios ao contrário
e da passerelle gradeada coxeando
às doze certas abóbora em Cassandra,
múltiplas preces em berros selvagens
-daqui ninguém se salva!
simples unidade solar de anos
incrivelmente rápidos e insanos
e escapando à definição sensorial
de conotação afectiva dos dias a mais
tudo é lugar danado para amar
e quando o espírito me vier visitar
logo réplica lhe irei dramatizar
uma cela para uma cela
e um tom sério para vivê-la.

o sol, as estrelas e a própria vida
come-las esfomeado de semiescuridão
porque a outra metade é para mais tarde
para quando o tempo for paragem
quando deixar de ser mera colagem
e meus filhos dessa cadeia nascerão
meus dias de folga da penitência
de estar amarrado à força centrífuga

confiando mais no coração
e muito menos no relógio de surtos
nesse movimento perpétuo de ser alguns minutos
quarto de madrugada em absurdo
e no corredor da morte apostando a vida
nos braços lentos do regaço de um poeta


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