Não há estrelas no céu, elas estão cá em baixo
e lá em cima perturbado anda um Deus zangado
tudo o que tenho são raízes que os anos alastraram
são felizes sim mas é fora de mim que quero estar
inquieto,
como se o vento fosse em fúria o desarranjo de tudo
e nem é bem ele, é o efeito que me acusa a paz ausente
só os pés estão assentes, os braços lutam abruptamente
insatisfação crónica,
com mais força por essa terra a dentro
que se alimenta da minha fraca essência
de um nem sei saber o quê
que não me deixa lá chegar
e fica sempre algo por fazer
e nada preenche estes veios
as minhas folhas secam
e de mim só saem poemas, feios
zanga-Te comigo se ainda te importas
mas deixa-me desofuscar desta incandescência
que a vida cá em baixo insiste em conter-me
porque eu tenho a certeza de lá em cima
estarem estrelas que brilham de vontade
deixa-me seguir por aí
ainda que morra de sede
ainda que o sol não exista
eu quero ir na corrente
na força dessa ventania
abre a janela e aventa-me
e não deixes que cresça de novo
essa erva danosa que tudo devora
À sua volta
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