quarta-feira, 15 de maio de 2013
Intro completa do Álbum Grauzero -2010
Pingos de chuva
que caem no fim
que limpam a alma
se acumulam em condensação
o tecto que nos limita
transpiramos vazio
queimamos lugar
E cada vez chove mais forte
a lama que se acumula nas sarjetas
entopem-se veias com aditivos
e aos poucos os pequenos ramos
caídos dos troncos secos
nos levam para trevas
do centro da terra
que suga gulosa consome
esqueletos, pele, músculos e cabelo
um ralo universal sem filtragem
escoamento de humanóxico
unhas cravadas no último olhar
na orla do último segundo
uma súbita vontade de viver
querer regressar e não poder
depois tudo é cremado
consumido pela chama do diabo
ardendo mil caras num buraco
e das cinzas erguem-se céus
como um abraço laminado
clivando o perfeito e o circunscrito
absorvido num só olhar
único conhecer sem forma
como bolo cozinhado sem forma
outros foram emparedados
material de instrução estrutural
que piso a piso, cresce sem cálculo
ninguém sabe quem comanda
este estado de sombras
respiramos por máscaras
caminhamos com tábuas
como se carregássemos cruzes
estática que auto se alimenta
de célula cinzenta
autónomo, biónico, digital
desconcertado de gesto humano
pouco resta
pouco falta
nada fica para além da luz extinta
daquilo que fomos, cinza
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