que existe em nós que nos persegue?
animais ferozes sedentos de colo
lobos dissimulados de cordeiros
negros absortos despedidos do tudo
que engenhosa mente arquitectaste
Tu que por nós dizes ter morrido
caem-me as peças todas ao chão
embebidas no ódio do coração
trauteando mantras sem nexo
na cabeça um retrato ferido
de um caminho lado a lado
além fronteira do imaginário
que existe em fim que nos empurra?
o que se esconde por baixo da unha
restos cutâneos de sexo malabarista
de afectos emprestados da tragédia
a bonança é quimera daí a lágrima
deste desenrolar infindável a mim
e que prazer dormir sobre nada
extasiada pela dor de ser deixada
que existe em nós que nos deseja?
mesmo sem ver sem poder tocar
onde se erguem torres de marfim
porque as palavras ganham asas
porque as palavras não são nada
não amam o corpo que te chama
axioma se o digo é porque sinto
e no entanto, não venhas, Delfim
Sem comentários:
Enviar um comentário