segunda-feira, 6 de maio de 2013

Dentro de uma palavra um lugar sombrio pesado
um espaço de clausura como um livro deitado
uma campa, várias campas sobrepostas
assim na prateleira, nas prateleiras da estante
encobrindo o raio de sol que insiste lá de fora
donde não se quer que venha nada, e à força
rompe a noite a cortina de mais um dia abafante
e os títulos e as lombadas que a miopia turva
não dizem senão o que foi de antiga leitura
que muitas vezes até se repete na companhia
de letras e letras que se combinam numa magia
que dentro da cabeça graças a deus anestesia

e na mesa a toranja e os cigarros, o álcool
e se pudessem ser fumadas, as cabeças
que no armário vão secando caso de apenas
uma emergência mas está claro, a paranóia

e a descrição do que vai lá dentro, pouca
tanto mistério e uma vida que nem sabe
ser vivida e sempre o medo da morte
sempre prometida não se sabe quando
que não importe porque maior a agonia

nada muda, só a claridade fica escura
e lá dentro sempre lá dentro confusa
incapacidade de questão mal resolvida
e se pensar dá trabalho, antes bebida
mal e mal, esta vida assim engendrada
parece o retrato de casa desarrumada
do corpo não lavado, a terra ressequida
de apenas mais um título, aos outros

                                  encostado








Sem comentários:

Enviar um comentário