desesperante no mínimo
sinto-me
escravo dos meus projectos
amarrado a eles por impossibilidade
de não os ter, de não os ser
de não ter outro caminho
e o que fazem os projectos na gaveta?
só por eles seria capaz de me pirar
e com certeza não voltar
neste País da treta
nesta eterna pausa de esterilidade
aqui nada
brota da terra
está contaminada de erva daninha
subsidiada ainda por cima
para meia dúzia serem patetas
dentro de mim cresce
uma estranha sociopatia
não do género DSM-IV
mas de profundo desprezo
por tudo o que vejo
donde o meu quarto
se encerra castelo
e lá fora conspira um fim
sem qualquer empatia
que me faça sair daqui
e se não o soubesse
não o escreveria
mas
porque nasci eu em Portugal?
tanto lugar maior para ser nacional
o problema deste quintal
é esse mesmo, o tamanho!
somos demais todos ao molho
e depois é a saudade e o fado
e a nostalgia e a poesia
Raios partam a cartografia
o País não tem culpa
é a porca da política
que não há meio
de ser de esquerda!
É que em mim não há só um sonho
de vez em quando olhando à volta
dá-me vontade de ser patriota
de mudar o rumo a esta palhota
fazer uma fogueira e queimá-los a todos
daí eu dizer, ser quase sociopata
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